Independente da estação do ano, fazer natação é um dos esportes mais proveitosos para a saúde do corpo – além de ser um importante aliado no emagrecimento e perda de medidas. Mas há uma opinião quase unanime dos amantes desse esporte: ele pode detonar a pele e o cabelo. “Na verdade, as pessoas que praticam natação ou que gostam de ficar na piscina estão mais expostas a compostos químicos sejam eles o cloro da água, a água salinizada ou o ozônio. É ainda pior quando essa água é aquecida e o paciente está em um ambiente fechado, porque isso faz com que a agressão seja maior tanto para a pele quanto para o cabelo. Esse aquecimento da água aumenta a característica de penetrância e irritabilidade não só para a pele, mas também para as vias aéreas superiores, para a região dos olhos, do nariz e assim por diante”, afirma a dermatologista Dra Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Por isso, é necessário ter cuidados pré e após o exercício na piscina, explica a médica.
De acordo com a dermatologista, em relação à pele, o cloro tem um pH ácido, com uma ação bactericida e quando a pele, por algum motivo, é mais sensível, é hiper-reativa ou está seca (quando não se usa hidratante) e o manto hidrolipídico está comprometido, existem pequenas áreas microscópicas da epiderme sem o estrato córneo de proteção. “Então nós podemos ter desde um quadro de vermelhidão, formação de placas de urticária, aspereza ou simplesmente ficar com a pele extremamente ressecada, o que pode provocar coceira logo depois que o paciente nada”, afirma a médica. E com o cabelo não é diferente, principalmente quando existe muita química nos fios. “O cloro vai para o interior do fio, fragilizando e ressecando esse fio, tornando ele mais quebradiço posteriormente. Com o tempo, há uma alteração na quantidade de proteínas presentes na haste do fio, muda a coloração presente nesse cabelo, e há um processo de desproteinização do fio, que sofre com a miniaturização e com isso há as fraturas e microfraturas da haste capilar”, diz a médica.
As piscinas aquecidas pioram o quadro, pois é como tomar um banho com água muito quente, o que vai retirando da pele ácidos graxos naturais ou fosfolipídios que, conjuntamente com a água, formam um filme ou manto que nos protege dos agressores ambientais. Mas afinal, como cuidar da pele?
Antes
“Eu sempre peço para os meus pacientes que fazem natação primeiro protegerem o cabelo com um creme ou sérum oil antes de colocar a touca que deve ser usada para entrar na piscina. Esse produto deve fazer com que o cabelo fique protegido da agressão tanto da água com cloro. Os séruns oil para o cabelo devem trazer substâncias como D-Pantenol, HydraSil, Bio Restore, Vitamina E, Aloe Vera e alguns óleos como óleo de girassol, óleo de argan, de framboesa, de abacate, de coco, enfim, temos uma série de óleos que são nutritivos, hidratantes e que protegem o cabelo antes de você colocar a toca da natação”, afirma a médica.
Já para a pele, em alguns casos quando a paciente tem dermatite atópica (eczemas característicos da pele hipersensível), a médica pede que seja utilizado, antes da natação, nas áreas de maior risco (como o rosto, na região atrás das orelhas, nas dobras do pescoço, na região do colo, na dobra do cotovelo e joelhos) um hidratante sem cheiro, ou seja, sem fragrância, apenas para ter a capacidade de fazer uma proteção lipídica sobre a pele. “Esse hidratante nós utilizamos como second skin (segunda pele) para proteger a área formando um filme oclusivo que não deixa com que essas regiões sejam agredidas justamente por uma substância irritante primária como é o cloro ou muitas vezes a própria água salinizada pode ocasionar isso também”, diz.
Depois
Logo depois que sair da natação, a médica recomenda já tomar um banho imediatamente com água normal, doce, da torneira e passar de preferência um sabonete dermatológico para pele sensível ou mesmo um sabonete infantil ou de glicerina, que pode ser também acompanhado de extratos botânicos naturais, calmantes e anti-inflamatórios, além de hidratantes. “Em seguida, usar um hidratante para recompor esse manto hidrolipídico, principalmente aplicando nos primeiros 5 minutos pós banho, que é quando essa hidratação é mais significativa e duradoura, pois quando aplicamos um creme com a pele úmida temos mais benefícios do que com ela já seca”, diz a médica. Os hidratantes devem ser mais pesados na forma de bálsamos concentrados, principalmente ricos em nutriomega 3, 6, 7 e 9 e vitaminas que são regeneradoras como a pró-Vitamina B5 e que contenham na sua formulação antioxidantes como Alistin, anti-inflamatórios e reparadores da barreira cutânea como Pro Barrier Repair. “Também gosto muito de indicar a água termal para ser aplicada logo depois da natação, tanto nos cabelos quanto em relação às áreas mais sensíveis como rosto, pescoço e colo, e muitas vezes após o banho, antes de fazer hidratação, é interessante passar a água termal rica em óleos minerais que acalmam, restabelecem o pH e ajudam na fixação do hidratante que vai ser utilizado logo a seguir”, diz a médica. Para os cabelos, ela sugere o uso do shampoo e condicionador, com substâncias como Hydrasil, D-Pantenol e aloe vera. Uma vez por semana, a máscara de hidratação pode ser usada.
Como tirar o cheiro de cloro que fica depois da natação?
“O cheiro do cloro sai com um bom sabonete, fazendo a higienização adequada, de preferência um sabonete de glicerina com extratos botânicos, e lavando muito bem os cabelos – às vezes até com um pré-xampu também de limpeza profunda e depois usando o segundo shampoo reparador de fios. Para quem tem cabelos ressecados ou mais compridos, é indispensável o uso das máscaras condicionadoras e logo depois a aplicação de uma loção leave-in ou um sérum oil ou mesmo um protetor térmico se a pessoa vai secar os cabelos. Então é importante que seja feita a aplicação de todos esses produtos posteriormente para que as pessoas não fiquem com o cheiro do cloro na pele e nos cabelos”, diz a médica.
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